A busca por propósito

Arquiteta, fotógrafa e artista. Meu propósito é encontrar a forma mais bonita de registrar aqueles que amamos através de fotografias.

Introdução

Vamos falar de propósito? Você também se apaixona por imagens? Pois eu sim! É automático: quando vejo uma fotografia que considero bela já quero salvar, pinar, guardar na memória para sempre. E foi assim que naturalmente comecei a tentar reproduzir a estética dessas fotografias nas fotos que despretensiosamente tirava dos meus filhos bebês.

Foi dessa forma que em 2016 iniciei minha jornada como fotógrafa. Afinal, nasce uma mãe nasce uma fotógrafa de família (e uma culpa, mas isso é outro assunto).

Na ânsia de registrar os momentos fugazes dos nossos bebezinhos todas nós tiramos centenas de fotos com o celular. Eu fiz muitas fotos dessa forma. Contudo, as fotos que mais celebro hoje, olhando para trás, foram as que demandaram maior planejamento. Como as sessões newborn feitas em estúdio com fotógrafas profissionais. E também as que me aventurei a produzir, tirar e editar nos primeiros 12 meses de vida dos meus filhos.

Propósito

Arquitetura e fotografia

Nessa busca pela estética perfeita fui me encantando pelo trabalho de alguns mestres da fotografia. Enquanto conhecia nomes diversos como Henri Cartier-Bresson, Jose Villa, Elisabeth Messina e Sebastião Salgado fui estudando composição, luz e sombra, técnicas fotográficas, poses, figurinos e muitos outros assuntos fascinantes. Assuntos, estes, que se complementavam com a teoria estética e a histórica da Arte que aprendi na faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

Meu marido, Rob, costuma dizer que eu “gosto de complicar as coisas”, no sentido de ser perfeccionista e demorar mais do que a média das pessoas para escolher algo por suas qualidades estéticas. Por exemplo, na escolha dos materiais de acabamento para nossa casa, que eu mesma desenhei, eu avaliei todas as opções. Precisei ver e tocar o mostruário de todas as lojas, então eu visitei absolutamente todas as lojas de material de construção de Campinas. Insuportável, não é? Outro exemplo dessa obsessão foi na escolha dos detalhes de nossa festa de casamento. Estou rindo enquanto lembro o quanto infernizei cada fornecedor ao mostrar imagens de referências gringas e pedir para eles se inspirarem.

Vida criativa

Mas apenas em 2019, após o segundo filho, eu tive cara e coragem para me apresentar como fotógrafa. Passar de arquiteta para fotógrafa causou algum espanto, porém para mim foi algo natural. Uma vez que cursei a FAU-USP sempre pensando em ser “artista”. Desculpa pai, Medicina nunca esteve nos planos.

Então, fui fazendo o que conseguia entre mamadas e conciliando o papel de mãe de dois com a criatividade efervescente que sentia. Um belo dia registrei meu domínio, no outro fiz um Instagram, no próximo mandei fazer cartões de visita. Seguindo calmamente os passos de um checklist. Pensando a todo momento na estética e na forma como queria apresentar ao mundo o meu novo propósito de vida.

Em paralelo fui repensando o universo feminino. Li um livro excepcional emprestado por minha irmã, Ana Paula, chamado “Mulheres que Correm com Lobos” de Clarissa Pinkola Estés. Então, recomendo a todas as mulheres, especialmente as que estão se sentindo desconectadas de sua “essência selvagem”, a leitura desse livro!

Desde que comecei a fotografar profissionalmente tive a oportunidade de conhecer e de trabalhar com pessoas que acabei admirando muito! Foi maravilhoso conhecer pessoas que julgaram meu senso estético como bom o suficiente para produzir as imagens mais importantes da vida delas e de suas famílias. É inenarrável ter tamanho privilégio. E continuo estudando para estar à altura de suas expectativas.

Desafios

E por quê estou falando disso agora? Pois eu fui obrigada a parar. E pensar.

Todos nós fomos. E quando eu digo “todos” é até difícil conceber, mas nesse momento o mundo todo é obrigado a parar e seguir as regras de distanciamento social devido à pandemia do novo vírus Covid-19.

Planos de upgrade de equipamento, planos de workshops presenciais, sessões já marcadas, tudo em suspenso!

E o que isso nos prova mais uma vez? Que a vida, meus caros, é impermanente. Pois num instante estamos aqui e no seguinte podemos não mais estar. Ou como aconteceu há pouco, o mundo pode mudar em um piscar de olhos.

Mas, nada disso é novo na História da Humanidade. Como nossos bisavós lidaram com a chegada da Gripe Espanhola? Como nossos avós se sentiram quando a segunda Guerra Mundial foi declarada? E, até mesmo, como nossos pais ficaram quando souberam dos primeiro casos de HIV/Aids? Os planos deles também foram colocados em pausa, sua sobrevivência também esteve em certo sentido ameaçada, seus sentimentos ficaram confusos. Assim como está acontecendo conosco.

Propósito

Se antes eu já pensava no sentido de tudo, agora cada vez mais busco um propósito maior. Como por exemplo, ser reconhecida profissionalmente e como membra atuante da comunidade em que vivo.

Mas família é essencial. As pessoas são essenciais. É para elas que voltamos no final do dia e em quem pensamos ao dar cada passo. São as nossas raízes e nossos frutos. Em tempos como esses ficamos centrados em protegê-la, celebrá-la, e lembrá-la a cada instante.

Quando tudo isso passar, e há de passar, registre seus momentos à altura de sua importância. Nada contra os filtros com orelhas de cachorrinho, eu mesma adoro brincar com eles. Mas nossa vida é repleta de pessoas lindas que merecem retratos feitos da forma mais bonita e respeitosa possível.

E minha busca por propósito passa por encontrar a forma mais bela e autêntica de registrar aqueles que amamos – família, amigos, comunidade – e te ajudar a colecionar essas imagens para sempre.

Propósito

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CAROLINA PEDROSA FOTOGRAFIA

Fotógrafa de Ensaios e Editoriais baseada em Holambra - SP